sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Porque não compro produtos “piratas”



Em primeiro lugar, porque é crime. Por esta razão, já deveria colocar um ponto final neste post, mas vou tentar escrever um pouco mais.
A pirataria é uma atividade financiada por grandes grupos de máfias internacionais organizadas. Além disso, a pirataria está intimamente ligada à exploração infantil, com mais de 250 milhões de crianças trabalhando em regime desumano. Não inventei nada, a fonte é a revista veja de 30/04/03. Um relatório da Interpol divulgado na mesma matéria aponta ligações dos falsificadores com os contrabandistas de armas, narcotraficantes e até com grupos terroristas da Irlanda do Norte e de países islâmicos da Ásia. Ainda segundo a reportagem, “no Brasil, uma investigação conjunta da polícia e do Ministério Público em São Paulo identificou o mesmo fenômeno de ramificação da pirataria. Essa investigação mostrou que metade dos produtos comercializados pelos ambulantes em pelo menos duas regiões de São Paulo é falsificada, contrabandeada ou fruto de roubo de carga. A mesma lógica é repetida nas grandes capitais brasileiras. Na região metropolitana de São Paulo, pelo menos vinte quadrilhas do crime organizado estão lucrando com o comércio informal dos ambulantes.”
Esses grupos trazem para o Brasil os mais diversos tipos de mercadorias. Abaixo algumas delas e seus malefícios:

- Brinquedos: presença de tintas tóxicas (inclusive cancerígenas) na composição de seus materiais;
- Protetor solar: não oferece proteção contra raios nocivos do sol;
- Óculos de sol: lentes não protegem os olhos dos raios UV;
- Tênis, roupas e artigos esportivos: imitação das marcas famosas, baixa qualidade e, no caso dos tênis, sistema de amortecimento não existe;
- CDs, DVDs e programas de computador: baixa qualidade de áudio e imagem, falta de encartes, desrespeito aos direitos autorais (da mesma forma acontece quando baixamos MP3 da internet) e o fato de danificarem o leitor ótico dos aparelhos. Como a mídia tem curta durabilidade, acaba gerando mais resíduo pois as pessoas acabam comprando mais. Uma outra questão é que, pelo fato do preço ser muito mais baixo do que o original, as pessoas compram muito mais, gerando impactos ambientais cada vez maiores.
- Remédios: sem comentários.

Bem, além destes malefícios acima, a pirataria gera desemprego. Alguém se lembra da Laser Discos? E as locadoras que sumiram todas? Alguns podem argumentar: “mas e a renda gerada pelos que vendem filmes piratas na esquina?”. Acontece que esses trabalhadores não têm qualquer tipo de amparo pela legislação trabalhista. Se adoecerem, não vão trabalhar e não ganham dinheiro.
Outro malefício é a sonegação de impostos. O governo deixa de arrecadar. Conseguintemente, deixa de investir mais em educação, saúde e etc. Além disso, o consumidor é enganado, pois muitas vezes não sabe o que está comprando e quais as conseqüências daquilo. A pirataria rouba também idéias originais e pratica a concorrência desleal. É justo para o produtor brasileiro competir, por exemplo, com um chinês que contrata mão de obra e compra seus insumos a um preço bem menor? Aí entra outra questão também (talvez uma das mais importantes): as externalidades. Falarei disso em outro momento.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Nossa relação com o consumo, com os outros e com nós mesmos.

Quando fiz o curso de economia ouvia com muita freqüência a palavra consumo. Consumo da nação, consumo das famílias, etc. O conceito se encaixa na mecânica tradicional da economia: quanto mais consumo, maior renda, mais progresso. Tanto  que, não raras vezes, presidentes iam (e vão) para frente das câmeras de televisão pedir que as pessoas consumam mais para que a economia pudesse voltar ao nível normal de produção. Então, o consumo aparece como sinônimo de progresso, de elevadas taxas de lucro. Não sou contra este sistema capitalista, não mesmo. Se hoje temos progresso científico e tecnológico devemos este feito a este sistema. Somos beneficiados com isso: elevação da expectativa de vida, facilidades no deslocamento, acesso a uma rede mundial que não dorme nunca e que propicia maior facilidade na comunicação entre as pessoas e etc.
Acontece que este modelo deixa de fora uma variável importantíssima e que só agora a ficha está caindo: o meio ambiente. Tudo que consumimos gera impacto. Desde a construção da casa de nossos sonhos até um simples e inocente copo plástico que pegamos para tomar água. Quando: o consumo é o oxigênio de um sistema (o capitalista), a população cresce sem parar e os recursos naturais são escassos, aí temos um problema. Uma forma de ilustrar isso: a capacidade de público do Maracanã é de 82 mil pessoas. Imagina se os dirigentes e empresários resolvessem lucrar mais e começassem a amontoar gente lá dentro. 85, 90, 95 mil. A partir do momento em que o limite for atingido, permanecer lá dentro fica mais penoso. A qualquer momento a arquibancada pode ceder, os vendedores não vão dar conta de atender todo mundo, pessoas ficarão com fome, sede, impossibilitados de ir ao banheiro (que já estará todo imundo, com o odor se fazendo presente no nariz de todos os torcedores). Sem contar no empurra-empurra de todos querendo disputar o melhor lugar para ver o jogo, sem se importarem um com os outros e sem se darem conta que aquela festa está prestes a acabar. Vai chegar o momento em que o Caos estará generalizado e nem terá mais espaço para os jogadores fazerem o que eles sabem fazer. Pronto, a festa foi bagunçada. Se o jogo foi o motivo de todos terem ido lá, a falta de ética dos dirigentes e do público fez com que não houvesse mais jogo. Uma contradição. É mais ou menos isso que está acontecendo com o mundo em que vivemos. Não sou muito bom com exemplos, mas acho que esse ilustra um pouco esta realidade. As mentes não se preocupam em pensar coletivamente, cada um pensa no seu bem-estar. É a síndrome do inquilino. Alugamos uma casa bonitinha, sabemos que nossa estadia naquele imóvel alugado está com os dias contados e então não nos preocupamos em conservar as paredes, em limpar adequadamente o chão nem em fazer reformas que impactem positivamente naquele ambiente. A gente acaba terceirizando. É como se o valor pago no aluguel compensasse tudo. Será que não terceirizamos também o problema do aquecimento global? Será que nós também, ao pagarmos nossos impostos não nos sentimos mais “limpos” mesmo sujando mais o planeta? Será que estamos terceirizando a culpa? Quando vamos ao médico terceirizamos a ele nossa saúde. Ele manda eu tomar isso, eu tomo, não comer aquilo, eu não como. Como é mais fácil atacar os sintomas (e o médico e a indústria farmacêutica são especialistas nisso), deixamos a causa para lá. É mais fácil não pensar. É mais fácil continuar dormindo do que acordar. Pensamos que tudo vem de fora, inclusive as soluções para nossos problemas. Já vi tanta solução mirabolante para esta questão do aquecimento global, como por exemplo um enorme espelho colocado entre o sol e a terra para refletir os raios solares. Sem essa  de tecnologias fantásticas e fantasiosas como viagens interplanetárias para levar nosso lixo. Acredito que a solução passe pela mudança de comportamento. E a mudança de comportamento é decorrente do nosso despertar, da nossa conscientização. Meu olhar sempre é muito positivo, cheio de esperança. Acredito que a humanidade está passando por um período de transformação e de aumento de consciência. Um pouco tardia, mas nós todos (com raras exceções) somos alunos retardatários. Vamos agora tentar recuperar a nota baixa na prova final do último bimestre.

"A terra produziria sempre o necessário se o homem soubesse se contentar. Se o que produz não é bastante para todas as necessidades, é porque emprega no supérfluo o que deveria utilizar no necessário." Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.

"A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." Mahatma Gandhi.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A história das coisas


Há alguns anos trabalhando com sustentabilidade empresarial  tive acesso a muito conteúdo de qualidade e que muito me fez refletir sobre os problemas atuais da humanidade. Um dos mais interessantes é o documentário “A história das coisas”, escrito e narrado por Annie Leonard em 2007. O vídeo de 21 minutos dá uma visão sistêmica da história dos produtos que consumimos, desde a sua origem (extração do material no meio ambiente), o processamento na indústria e o descarte final. Nos mostra a realidade de nosso sistema capitalista que, por estarmos tão envolvidos e mergulhados neste paradigma do consumo, acabamos muitas vezes sendo indiferentes a muitas reflexões. Quem paga a conta: todos nós (incluindo aí nossos descendentes).



"Quem quiser chegar à nascente, tem que nadar contra a correnteza." (Provérbio Chinês)


“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." (Oscar Wilde)