Juju
morreu. Hoje foi um dia triste, filha. Sua coelhinha nos deixou. Ela
já estava um pouco cabisbaixa desde ontem e demonstrando alguns
sinais de que algo estava para acontecer.
Você
brincava muito com ela, abraçava e a beijava sempre. Às vezes pedia
para ser acordada pela Juju. Como era lindo ver a expressão do seu
amor por ela! Isso me mostra que o amor pode até ser lapidado pelo
meio em que vivemos, mas o sentimento é inato. Vem com cada um de
nós.
Me sensibilizei com a morte dela, mas principalmente com o seu choro. Filha, acho que foi a primeira vez que você chorou verdadeiramente na sua vida. Era um choro diferente. Não havia fome, sono, manha, dengo, ciúmes, nem nada mais. Apenas a vontade de tentar entender como isso pôde acontecer.
Como acredito que em tudo há um propósito, você já está sendo preparada a lidar com esse tema desde cedo. Cada vez que fala dela, cada lembrança estão auxiliando o seu processo interior de elaborar a questão da morte. Neste mundo estamos lidando com a perda a todo momento e quanto mais cedo começarmos a conviver com isso, mais saudáveis seremos na nossa fase adulta. Pelo processo natural, daqui a pouco são seus bisavós. Ou quem sabe papai do céu chame alguém antes. Não sabemos (e nem precisamos saber).
Filha,
se serve de consolo, posso te garantir que a vida não tem fim. Nós
somos imortais e a vida continua. E se essa vida é só uma passagem,
quando morrermos retornamos para a vida verdadeira. A Juju agora
retornou e está junto com o seu anjinho da guarda te protegendo e
roendo os chinelos dele.
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